Amor, amor, las nubes a la torre del cielo.
Gostava que o mundo por momentos parasse. Gostava de sentar-me no teu colo, sim porque os homens também gostam de colo, e poder dizer-te o que sinto, com a mesma força com que me agarro às teclas do computador e escrevo este texto.
Adorava ser, só por esta noite, um mendigo estacionado num beiral da Gran Via, só para te ver passar, para expiar os teus movimentos e sorrir com a graciosidade com que levitas sobre a calçada suja, ao ritmo do som abafado e do calor de Inverno que reflecte a movida, aquela que te leva da Puerta del Sol para a Plaza Mayor - como que fugindo de mim para parte incerta.
Adorava que o mundo por momentos fosse só nosso, que as noites não tivessem fim e que a vida se limitasse a ser vivida. Adorava que o Guernica fosse mera imaginação de Picasso e que a guerra não fosse a mais podre invenção do homem - transportada para o presente através da guerra que é acordar para vivermos o dia a dia.
Nunca pedi uma vida fácil, eu sei, mas também nunca lutei para a ter, sempre gostei mais de curvas apertadas do que de rectas fáceis onde apenas temos que acelerar em frente, sem lombas, sem chuva e sem Inverno - aí está, sempre gostei mais da chata chuva do Inverno, do que do fácil calor do Verão. Tu, sempre foste como eu.
Amar não é fácil, amar-te também não e amares-me muito menos. Seremos sempre guerreiros e pilotos da nossa vida, indo sempre pelas curvas, até onde nos leva a vontade de encontrar-mos a nossa paz. No fim, morreremos, como todas as pessoas - mas teremos sido sempre nós, felizes, diferentes, apaixonados, rebeldes e essencialmente nós próprios - um todo, que me fez abandonar o singular a meio deste texto, para te dizer: amamo-nos.
Amor, amor, las nubes a la torre del cielo
subieron como triunfantes lavanderas,
y todo ardió en azul, todo fue estrella:
el mar, la nave, el día se desterraron juntos.
Ven a ver los cerezos del agua constelada
y la clave redonda del rápido universo,
ven a tocar el fuego del azul instantáneo,
ven antes de que sus pétalos se consuman.
No hay aquí sino luz, cantidades, racimos,
espacio abierto por las virtudes del viento
hasta entregar los últimos secretos de la espuma.
Y entre tantos azules celestes, sumergidos,
se pierden nuestros ojos adivinando apenas
los poderes del aire, las llaves submarinas.
Pablo Neruda
(da próxima vez vamos os dois, mas ao Chile, ter com o Pablo.)