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Polaroid

Polaroid

30
Set11

A vida é feita de pequenos nadas.

Tomás Vasques

 

 

Ontem, antes da apresentação do blogue Polaroid, no Frágil, alguns dos sete «magníficos» jantaram no Fidalgo, na rua da Barroca, onde se come muito bem e em cada mesa há sempre um amigo ou um conhecido. Tenho a fama de «arquivar» notas e desenhos que os comensais fazem nas toalhas das mesas dos restaurantes. Fama e proveito. Deixo aqui registo de um texto que o José Maria Barcia escrevinhou, em 44 segundos, cronometrados, a partir de uma palavra que lhe foi dada.

30
Set11

Crónica mundana: apresentação do blogue Polaroid.

Tomás Vasques

Hoje não vou escrever sobre politica. Vou escrever sobre a apresentação do Polaroid – exactamente, este blogue – ontem à noite, no Frágil. A festa correu muito bem e por lá circularam pessoas muito interessantes. Não cito nomes porque a lista seria extensa. Da esquerda, do centro e da direita, republicanos e monárquicos, crentes e ateus, gente da «situação» que há poucos meses era da oposição e gente da oposição que há poucos meses era da «situação». Ainda bem que, hoje, tenho assunto para escrever sem falar de política, porque me confunde muito esta troca de papéis e de máscaras. Este jogo de sombras chinesas, de bonecos animados. Angustia-me, mesmo. Fico com a estranha sensação que o regime está esgotado, em decadência acelerada, mas sem alternativa à vista. Ver pessoas dizer que é bom o que ontem diziam que era mau provoca-me dores de estômago, como se tivesse uma úlcera. Foi lá, na festa, era quase meia-noite, que soube da prisão do autarca e ex-ministro do PSD, Isaltino Morais. A notícia circulava entre copos, música e sorrisos. Naquele momento, não sei porquê, pensei no BPN. Mas afastei de imediato esse pensamento. Não há relação nenhuma de um caso com o outro a não ser tratar-se de ex-membros de governos do PSD. Mas passemos à frente: apresentar o blogue Polaroid no Frágil foi uma excelente iniciativa. Pelo convívio, pela diversidade. Sem azedumes, cada um com a sua opinião. A Ana Santiago fez as honras da casa, enquanto o Nuno Miguel Guedes e o Zé Diogo Quintela davam fogo à música. E, além disso, deu-me a oportunidade de escrever este pequeno texto sem falar de política. A noite estendeu-se pela madrugada, sinal de que a blogosfera está viva.

 

 

 

29
Set11

da minha varanda

Ana Santiago

Em breve, disseram-me, vou deixar de ter esta varanda. Mais uma mudança de instalações, no sítio onde pratico os meus deveres públicos, vai obrigar-me a inventar outro espaço para enviar as sms que julgo reflectidas, fazer os telefonemas que invento privados ou organizar a minha agenda mental, aquela que não cabe nos três mil post-it que espalho todos os dias na secretária.

Agora, com o pretexto de fumar, sempre com o pretexto de fumar (abençoada lei), penso que devia ter trazido outros sapatos e que logo à noite vou amaldiçoar o chão que piso. Pelo meio, mete-se o tipo da EMEL que vem outra vez (já é a segunda hoje, e ainda não é a hora do almoço) cobrar o espaço público. “S. eles estão ali, vai tirar o carro. Olha que o reboque já vem lá ao fundo da rua”. Fecho a janela e volto a meter o nariz na rua. Mas porque é que eu não trouxe as sabrinas na mala? E discretamente desloco-me para a esquerda para me mirar na vidraça que dá para a sala desocupada. Ao longe, um avião. Sorrio. Aposto que a S. está dizer que um dia vem contra nós. É a nossa “hora Nicola” versão humor negro. E do meu sétimo andar, mísera torre desta cidade que Nova Iorque podia engolir com a mesma indiferença com que engolimos água sem querer a lavar os dentes, eu concordo com a senhora que há muitos anos me disse que eu nunca iria viver no estrangeiro. Que a minha missão era aqui. “Tá? Ana? Como é que se chama aquele actor, que entrou naquele filme, com aquela actriz que fez aquele filme da segunda guerra, com aviões, e é casado com aquela gira da série dos espiões?”. É o Ben Affleck. “Eh pá, é isso! Vês? Tu percebes-me sempre”. É um dom.

E estou ainda a pensar na minha missão quando vejo lá em baixo o senhor J. da segurança a fazer sinais ao “agente” da EMEL. Braceja, indigna-se e dentro de três segundos vai ligar a avisar toda a gente que “eles andam aí”. Será que pus moedas? O senhor J. tem uma missão e não lhe dá importância. Não se dá importância.
Ontem dei-lhe boleia até ao metro. Contou-me que levanta-se todos os dias às 5 e meia e fecha a porta da torre quase sempre depois das dez da noite, para se fazer ao caminho até casa durante duas horas. “As horas extraordinárias dão-me jeito sabe?” Espero sinceramente que sim. Há pessoas menos substituíveis que outras. E eu habituo-me às pessoas. E às varandas.

29
Set11

Festa Polaroid

José Maria Barcia

 

QUINTA-FEIRA 29 DE SETEMBRO, A PARTIR DAS 23H00
NA DISCOTECA FRÁGIL – BAIRRO ALTO


O BLOG POLAROID APRESENTA

NOITE POLAROID
REAPARECENDO EXCLUSIVAMENTE PARA UMA NOITE APENAS (FELIZMENTE)
2 DJ’S DO C*****O!
(NUNO MIGUEL GUEDES E ZÉ DIOGO QUINTELA)

E A NOITE MELHORA COM
DJ ALCIDES (FRAGIL)

 

 



28
Set11

Os sonhos que faltam

José Maria Barcia

Quero ser futebolista, quero ser bailarina. Veterinário, astronauta. Quero ser aquilo que hoje me apetece ser.

 

Desde cedo que temos sonhos, as possibilidades são infinitas. No entanto, envelhecemos. As possibilidade encurtam-se. Já não podemos ser futebolistas nem dançar porque isso implicava desistir da escola. Não podemos ver sangue então operar animais está fora de questão. Ir à Lua? Não somos americanos.

 

Podemos ir para a faculdade. Podemos ir trabalhar e ter um bom emprego. Mas e os sonhos? Em que momento se perderam eles?

Hoje em dia faltam sonhos. Sonhos infantis como ir à Lua, construir um castelo ou apenas correr pela praia até não ver banhistas.

Falta ter consciência do impossível. Sentir que isso é possível. Aquela voz pequena na cabeça que a passar por um sítio diz ‘’vai!’’ mas o resto da cabeça diz ‘’tens de ir trabalhar/estudar/qualquer coisa’’.

 

Os sonhos faltam porque a dado momento deixaram de fazer sentido. Houve um dia, ao acordar, o sonho deixava de parecer atingível. ‘’Sonho ser primeiro-ministro porque quero ajudar as pessoas’’, esse era o meu sonho desde criança. Deixou de ser concretizável não sei quando.

 

Mas faz falta ter esses sonhos. A obra nasce quando se sonha. Realiza-se tudo quando o sonho puxa a obra.

 

Os sonhos fazem falta. Muita. E lá por teres desistido deles, não significa que a próxima vez que dormires, eles não estejam lá. Resta-te abrir os olhos e lembrares-te deles. E acreditar. E fazer. It's not that difficult. 

28
Set11

Café dos Blogues - da Carla Hilário Quevedo

João Gomes de Almeida

O Café dos Blogues, da Carla Hilário Quevedo, volta a reunir nas seguintes quintas-feiras, na Almedina do Atrium Saldanha, às19h. Marquem na agenda!

 

29 de Setembro

Ana Matos Pires, Fernanda Câncio e João Pinto e Castro (Jugular)

 

(Almedina do Atrium Saldanha, às 19h. Apareçam!)

 

27 de Outubro

Alberto Gonçalves (Homem a Dias)

Luciano Amaral (Gato do Cheshire)

 

 24 de Novembro

Maria João Nogueira e Pedro Neves (Blogs Sapo)

Hidden Persuader (Bicho Carpinteiro)

 

Para mais informações sobre o Ciclo dos Cafés, ver aqui.

25
Set11

Estou aqui para as agarrar

teresanicolau

Passava para lá da noite e não sossegava.
Um lugar de aperto, que era novo, de se cheirar quase, mantinha certa presença que fazia esquecer.
Uma volta e outra vez o olhar perdido à procura da ponta da luz.
A escolha merecia o óbvio dormir, até que o dia chegasse. Mas não. Conseguia esse tal lugar do corpo, mantê-la por mais bocados acordada.
Que esquisito. 

Parecia ouvir entretanto, na sua distância, uma voz que dizia. Mãe.
Voz gritada, voz abençoada.

Tinha exatamente, porque o exato é sempre perfeito, o tom que tinha deixado de estar naquela casa.
Principalmentre naquelas noites.
Talvez fosse isso, o rezar: esperar por esses gestos banais. Poderia ser hoje, amanhã depois. Ainda não sabia, mas esse aperto só a lembrava da vida que voltaria.
E com o corpo todo, sem slow-motions que a atencipassem, levou-se em correria para esse dia, preparada para mais desilusões, entre as luzes construídas e as palavras apenas fabricadas. Sorrisos, nem nenhum capaz de emergir sincero.
Lá chegou. Sentada na cadeira da mentira, entre pós de sonhos fingidos e cores exageradas de felicidades, as lágrimas daquele lugar, finalmente caíram. E sussurraram-lhe, do alto desconhecido já santificado pelos pincéis:
- Estou aqui para as agarrar.

23
Set11

Sugestões de leitura.

Tomás Vasques

 

A Biblioteca (Editora Cavalo de Ferro), de Zoran Zivkovic (1948, Belgrado) venceu, em 2003, o World Fantasy Award. São histórias fantásticas ligadas à bibliofilia. Faz lembrar Jorge Luís Borges, mas também Kafka. No conto de abertura, um escritor descobre um site onde todos os seus livros, incluindo os que ainda não escreveu, se podem consultar. Seis contos onde se descobre que as bibliotecas são seres vivos, entre Deus e o Diabo.

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Obrigadinho!

 

O Polaroid podia ter ganho o prémio de Blog Revelação do ano 2011 da TVI24, mas infelizmente vocês são uns leitores do caraças e não votaram em nós! Mesmo assim, vamos continuar a escrever, sendo que quem levou a taça foi o @ChicodeOeiras e a sua malta esquerdista! Já percebemos que vocês preferem o Mao ao amor e o Enver Hoxha aos nossos textos bonitos! . Agradecemos a vossa ajuda! Obrigadinho malta!


PS - O Zé Maria obrigou-nos a colocar no final disto: "mas continuamos a gostar de vocês".

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