Viva a Revolução!
Há um raciocínio simples – tão simples que até assusta – na cabeça dos nossos actuais governantes: na economia de mercado a produção de riqueza está entregue à iniciativa privada; as empresas – através das quais se desempenha essa função – são pouco produtivas e pouco competitivas (de onde resulta, por exemplo, que o tomate espanhol entra em Portugal mais barato do que o produzido por cá ou que os nossos têxteis tenham dificuldade em competir no mercado externo). Isto, num mercado aberto e global aumenta as importações e diminui as exportações. E leva-nos à desgraça. Que fazer, então? Para produzirmos «riqueza», se não se pode desvalorizar a moeda, nem penalizar à má gestão das empresas, reduz-se o custo do trabalho – empobrece-se quem trabalha até ao osso. A coisa é fácil: diminuem-se os salários, o valor das horas extraordinárias, as indemnizações por cessação de contrato e por aí fora e saca-se mais algum, em impostos, sobre os seus «rendimentos». E, agora, parece que sempre que um empresário diminuir a rentabilidade da sua empresa ao pegar na mulher, nos filhos, na cunhada, na prima e no gato e parta de férias para a Tailândia, à custa dos dinheiros da empresa, no regresso, pode despedir um trabalhador para compensar a «perda de produtividade».
O resultado de tudo isto, vai ser, em menos de uma década, a criação de um exército de famintos, sem vida, nem comida; sem protecção, nem no trabalho, nem na saúde, endividados até ao tutano e desempregados. E, com um bónus para a produção de «riqueza»: passa a ser mais fácil contratar cada vez a preço mais baixo.
Se são estes os caminhos que o século XX produziu; se são estes os caminhos da democracia, da solidariedade, da sociedade mais justa e igualitária; se são estes os caminhos da Europa dos povos, que venha uma Revolução!
Pobre por pobre, tanto faz!