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Polaroid

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06
Out11

Carta Pública a Luís Lavradio, Presidente da Causa Real.

João Gomes de Almeida

Exmo. Sr. Presidente da Causa Real Dr. Luís Lavradio,

 

 

Venho por este meio expressar-lhe o meu descontentamento com o rumo que a Causa Real tem vindo a levar e dar-lhe o meu humilde contributo, através da minha opinião, sobre o que poderia ser feito para recuperar o bom nome de tão nobre instituição.

Em primeiro lugar, cabe-me constatar que no final de praticamente meio ano de mandato da direcção por si presidida, a Causa Real continua com um site “em construção”. Paralelamente, a única rede social que é trabalhada é o Facebook, não havendo nenhuma estratégia pensada para a comunicação digital da Causa – o que certamente perceberá que é bastante grave nos dias que correm.

Já que falamos de comunicação, deveríamos falar também das Relações Públicas da Causa Real, pelo que gostaria de alertá-lo para o facto de o seu mandato estar a ser bastante apagado do ponto de vista mediático, existindo poucas notícias sobre a nossa causa e existindo um cada vez maior desconhecimento dos portugueses sobre o que é a Causa Real e quem é o seu presidente. Penso que este aspecto em particular está a tornar-se cada vez mais insustentável, principalmente em comparação com os mandatos do Dr. Paulo Teixeira Pinto.

Para fechar o capítulo da comunicação, penso que sabe que a Causa Real e todo o movimento monárquico, sofrem de uma má imagem junto da opinião pública, sendo vulgarmente colados a uma visão demasiado antiquada da sociedade. Sendo o objectivo primordial da Causa Real atrair novos seguidores para o ideal monárquico, não compreendo o porquê de se fazerem tão poucas iniciativas e as que existem serem tão pouco originais - o que em nada contribui para se mudar a imagem que a sociedade tem de nós – falo de touradas reais, jantares dos conjurados, homenagens e recepções públicas no 5 de Outubro, entre outras, que não convencem ninguém, nem conseguem trazer visibilidade aos nossos ideais monárquicos.

A única maneira de uma organização com tão poucos recursos como a Causa Real conseguir ter protagonismo na opinião pública, passa por desenvolver acções mediáticas onde a tónica esteja assente na criatividade – a discussão em torno do regime logo após o episódio da bandeira do blog 31 da armada é a prova evidente disso. De que continuamos à espera?

Outra questão que me tem preocupado é a democracia interna no seio da Causa Real. Em primeiro lugar, penso que deveríamos avançar o mais depressa possível para a eleição do presidente da Causa Real através do voto directo de todos os associados das reais associações, de forma a tornar todo este processo muito mais transparente. Deixo-lhe desde já este desafio.

Gostaria ainda de saber o porquê de estarem a ser criadas novas reais associações, tendo em conta o facto de serem essas reais associações a eleger o presidente da Causa Real – logo, pode parecer estranho que esteja a ser engrossado o colégio eleitoral, o que pode tornar-se bastante útil à actual direcção em futuros momentos eleitorais. Pensa que isto é correcto?

Neste sentido, gostava de desafiá-lo, ainda, a modernizar os estatutos da Causa Real, tornando-os mais transparentes, democráticos e de acordo com a lei geral. Esta modernização passa pela introdução de quotas femininas para os órgãos da Causa Real (recordo-lhe que a sua direcção apenas tem uma mulher em onze membros e que a lista de todos os órgãos que apresentou no último Congresso Monárquico apenas tem duas mulheres em setenta e cinco eleitos) e pela limitação de mandatos em todos os órgãos da Causa Real, limitando a dois ou três mandatos a presença de um associado em qualquer um dos órgãos, forçando a renovação da estrutura, que há muito que tarda em acontecer.

 

Agradeço desde já a atenção dispensada e oferece-mo para em tudo o que achar útil, ajudar a sua direcção a melhorar o seu trabalho, nomeadamente no campo da comunicação e imagem da Causa Real.

 

Aguardo ainda uma resposta às minhas questões, apelando novamente ao seu bom senso, de melhorar o seu trabalho à frente da Causa Real ou abrir portas a uma renovação na direcção.

 

Os melhores cumprimentos,



João Gomes de Almeida

 

Lisboa, 6 de Outubro de 2011.

 

 

PS – Aconselho-o a colocar pelo menos o mail da Causa Real no site, visto que nos "contactos" apenas tem uma morada.

04
Out11

5 de Outubro é amanhã

João Gomes de Almeida

 

Amanhã, lá vão os parvos dos republicanos sair à rua. Brindarão, por certo, à igualdade e à liberdade de alguém nascer e poder chegar onde quiser. Festejarão o ensino laico e todas as conquistas dos últimos cem anos. Gritarão que o povo não é estúpido e que sabe que a república é o ventre da democracia. Novos ricos feitos nobreza, sairão à rua nos seus audis brancos e festejarão a vitória do nobre provo sobre a velha nobreza.

Amanhã, lá vão os parvos dos monárquicos sair à rua. Bigodes ao alto, o vosso coração está em deus. Por entre camisas ao xadrez, blasers de botões azuis e ideologia do outro século, vão em uníssono gritar: a monarquia é mais barata do que a república, o rei é preparado desde pequenino para reinar e traz o povo no coração, povo este que o coroa por aclamação a cada novo soberano que desce à terra, vindo directamente do Olimpo. Vão todos brindar ao Portugal do antigamente e aos feitos heróicos que a república nunca soube honrar. "Viva a monarquia!" brindarão os trinta saudosistas reunidos à lareira.

Amanhã - porque de certeza se prolongará para além da meia-noite - vou estar a jantar com uns amigos, a comer francesinha no Campo Pequeno. A meio do jantar, vou puxar do tema: então e o 5 de Outubro? Vou ouvir tudo o que têm a dizer e beber mais um fino, enquanto como francesinha. Depois, vou dizer exactamente aquilo que gostava de expressar neste texto:

O meu chefe de estado não é republicano, por esse motivo tem o azar de nunca ter enriquecido à pala da república. Não é o Cavaco e por isso nunca partilhou corredores com o Oliveira e Costa, nunca jantou com o Duarte Lima, nunca pediu conselhos ao Dias Loureiro e nunca deu bênçãos ao Alberto João Jardim. A ele, nunca nenhum banco lhe pagou campanhas, nunca nenhum empresário lhe ligou a pedir favores e nunca teve que ganhar eleições para a chefia de um partido. 

O meu chefe de estado, não acha que nasceu do Olimpo. O meu chefe de estado, reconhece o passado do país, mas não acha que o país tem apenas cem anos - ao mesmo tempo, sabe que como diria Benjamim Walter, comentando o tecto da Capela Sistina, o anjo da história tem os olhos no passado, mas os ventos sopram do futuro.

O meu chefe de estado é um árbitro num campeonato de futebol que não o português. Um homem independente e atento que sabe ser imparcial e puxar as orelhas a todos aqueles que se portam mal no jogo que é a democracia.  Um homem que sabe disciplinar e ao mesmo tempo apelar ao fair-play. Um homem que sabe que a sua missão é pôr ordem no jogo.

O meu chefe de estado só é um bom árbitro porque teve a sorte de nascer árbitro, sem ter que ceder a influências e lobbys. Injusto? Talvez. Mas o pragmatismo da política mostra-nos que a monarquia funciona melhor do que a república. Cem anos depois temos a prova.

 

 

Também publicado no Forte Apache e no Estado Sentido.

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Obrigadinho!

 

O Polaroid podia ter ganho o prémio de Blog Revelação do ano 2011 da TVI24, mas infelizmente vocês são uns leitores do caraças e não votaram em nós! Mesmo assim, vamos continuar a escrever, sendo que quem levou a taça foi o @ChicodeOeiras e a sua malta esquerdista! Já percebemos que vocês preferem o Mao ao amor e o Enver Hoxha aos nossos textos bonitos! . Agradecemos a vossa ajuda! Obrigadinho malta!


PS - O Zé Maria obrigou-nos a colocar no final disto: "mas continuamos a gostar de vocês".

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